Mulheres são 12% dos matriculados em Engenharia da Computação no IFCE

Analisar números, programar sites, construir robôs, estar em uma sala repleta de computadores, são funções que não tem atraído muitas mulheres. O curso de Engenharia da Computação no Instituto Federal do Ceará (IFCE) tem apenas 12% de mulheres matriculadas em 2018.  De 390 alunos, apenas 47 são do sexo feminino. No Brasil, esta realidade se repete, as mulheres representam 15% dos matriculados em cursos de tecnologia, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) ligado ao Ministério da Educação. Dentre os motivos que geram esta baixa adesão, está a cultura que relaciona profissões ao gênero.

Número de mulheres matriculadas no curso de Engenharia da Computação do IFCE
(Dados: IFCE em números)

No IFCE, a graduação de Engenharia Mecatrônica tem cinco meninas, no máximo, em sala de aula, é o que relata a estudante Lais Menezes que cursa o sexto semestre do curso.  “Quando comecei o curso, tinham mais duas mulheres além de mim, o que de fato gera uma estranheza, mas as duas acabaram deixando o curso”, conta.

A professora da Universidade Federal do Ceará, Andréia Sampaio, mestre em Informática Aplicada e graduada em Ciência da Computação pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), explica que vários motivos geram o afastamento das mulheres nestes cursos, dentre eles está a cultura que associa mulheres à área de humanas, e a falta de informações. “As meninas são orientadas a fazerem cursos da área de saúde ou educação. Além disso, muitas delas não conhecem os cursos da área de computação, e não sabem o que esses profissionais fazem, por exemplo, o que faz um engenheiro de software e o que é ser um designer digital”, explica.

O doutor em Sociologia, Sandoval Antunes, acrescenta que a baixa feminina nestes cursos tem relação com as restrições familiares. “Ainda vivemos em uma sociedade onde o acesso das mulheres às carreiras ditas ‘nobres’ sofrem restrições no ambiente familiar”, conta. 

Apesar deste cenário, a estudante Lais Menezes não se sente inibida pelo fato da turma ter maioria masculina, ela conta que os rapazes são prestativos e colaborativos. A professora Andrea que sempre conviveu com um cenário profissional e educacional com minoria feminina, relata que nunca se sentiu intimidada, mas ressalta, “sei que essa não á a regra, infelizmente existem relatos contrários, de intimidação e preconceito”.

Para tentar reverter a situação e despertar o interesse feminino nos cursos de graduação da área de tecnologia, cursos e palestras são realizados nas faculdades e escolas para informar as mulheres sobre as funções exercidas nestes cursos de graduação. No meio digital, o Blog “Mulheres, Tecnologia e Oportunidades”, criado para estimular mulheres a se inserirem na área de Tecnologia da Informação (TI), conta com quase mil seguidores no Facebook. Nele a questão do mercado de trabalho é explorada, demonstrando que apesar da maioria masculina nos cursos, existe abertura para mulheres e que a carreira e os salários são promissores. 

Reportagem escrita para a disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso do sexto semestre.

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